Tudo começa com o título:
“Tomboy”, que no início do filme é colorido de vermelho e azul, cores que,
respectivamente, remetem a masculinidade e feminilidade. Já o significado da
palavra é que mais impressiona. “Tomboy” remete a ligação menina-menino (um garoto
que age de forma masculinizada).
A homossexualidade já foi
retratada no cinema de forma exagerada (Gaiola das Loucas) e com uma abordagem
mais séria (Minhas Mães e Meu Pai). No entanto, nunca pintada de maneira
reflexiva como “Tomboy”, da diretora francesa Celine Sciamma.
O filme mostra Laure (Zoé Héran),
uma pré-adolescente que se muda para uma nova cidade com sua família. Na
esperança de fazer novos amigos, Laure conhece Lisa (Jeanne Disson) e não
hesita ao responder que seu nome é Michaël, pois ela já se sentia como tal.
Como tem apenas doze anos e não
desenvolveu curvas femininas, Laure passava facilmente por um menino. Até para
o expectador, a sexualidade da criança era questionada. A resposta chega em uma
cena simples e direta: um rápido banho, em que o corpo da protagonista é
revelado. Com cabelos curtos e roupas do vestuário masculino, Laure jogava
futebol, brigava com os outros garotos e conquistava até um coração: o de Lisa que,
em seu amor infantil e sincero, achava-“o” diferente dos outros.
Como uma brincadeira, Laure vive
essa vida dúbia até o fim das férias, evitando que sua família e novos amigos
descubram a farsa. O que mais encanta na história é que apesar de sua irmã mais
nova, Jeanne (Malonn Lévana), desvendar o jogo de Laure, nada é contado. Com
esta pureza e inocência, as quais, ainda, não foram bombardeadas pelos
sentimentos de preconceito e ódio, Jeanne defende a irmã mais velha.
A trama ainda problematiza a
falta de instrução dos pais quando descobrem que seu filho é homossexual. Para
a mãe de Laure, não era um problema que ela se vestisse como um menino, a
queixa centralizava-se na vergonha de ter um filho gay, que realmente gosta-se
de pessoas do mesmo gênero.
De forma naturalista, “Tomboy” retrata como é ser uma pessoa em
transformação, com desejos e conflitos internos. O ponto principal do longa é a
não retratação da sexualidade como fator principal para um ser humano ser
homossexual. “Tomboy” emociona por dizer que acima disto, há o amor e a
cumplicidade entre duas pessoas do mesmo sexo.
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