3 de abril de 2012

Cine Alternativo | Tomboy


Tudo começa com o título: “Tomboy”, que no início do filme é colorido de vermelho e azul, cores que, respectivamente, remetem a masculinidade e feminilidade. Já o significado da palavra é que mais impressiona. “Tomboy” remete a ligação menina-menino (um garoto que age de forma masculinizada).

A homossexualidade já foi retratada no cinema de forma exagerada (Gaiola das Loucas) e com uma abordagem mais séria (Minhas Mães e Meu Pai). No entanto, nunca pintada de maneira reflexiva como “Tomboy”, da diretora francesa Celine Sciamma.

O filme mostra Laure (Zoé Héran), uma pré-adolescente que se muda para uma nova cidade com sua família. Na esperança de fazer novos amigos, Laure conhece Lisa (Jeanne Disson) e não hesita ao responder que seu nome é Michaël, pois ela já se sentia como tal.

Como tem apenas doze anos e não desenvolveu curvas femininas, Laure passava facilmente por um menino. Até para o expectador, a sexualidade da criança era questionada. A resposta chega em uma cena simples e direta: um rápido banho, em que o corpo da protagonista é revelado. Com cabelos curtos e roupas do vestuário masculino, Laure jogava futebol, brigava com os outros garotos e conquistava até um coração: o de Lisa que, em seu amor infantil e sincero, achava-“o” diferente dos outros.

Como uma brincadeira, Laure vive essa vida dúbia até o fim das férias, evitando que sua família e novos amigos descubram a farsa. O que mais encanta na história é que apesar de sua irmã mais nova, Jeanne (Malonn Lévana), desvendar o jogo de Laure, nada é contado. Com esta pureza e inocência, as quais, ainda, não foram bombardeadas pelos sentimentos de preconceito e ódio, Jeanne defende a irmã mais velha.

A trama ainda problematiza a falta de instrução dos pais quando descobrem que seu filho é homossexual. Para a mãe de Laure, não era um problema que ela se vestisse como um menino, a queixa centralizava-se na vergonha de ter um filho gay, que realmente gosta-se de pessoas do mesmo gênero.

De forma naturalista, “Tomboy” retrata como é ser uma pessoa em transformação, com desejos e conflitos internos. O ponto principal do longa é a não retratação da sexualidade como fator principal para um ser humano ser homossexual. “Tomboy” emociona por dizer que acima disto, há o amor e a cumplicidade entre duas pessoas do mesmo sexo.

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