25 de março de 2012

Especial | Pulp Fiction (Quentin Tarantino)

“You feel that sting, big boy, huh? That's pride FUCKIN' with you! You gotta fight through that shit!”.


Falando sério... Eu vi Pulp Fiction tantas vezes que deveria ser capaz de escrever a droga de uma crítica decente sem pensar muito. Na verdade, isso acontece com a maioria dos filmes que eu já tenha assistido pelo menos duas vezes. Pulp Fiction é diferente. No filme, o Tarantino consegue criar uma trama de histórias tão cativante, diversa e envolvente, que dificulta muito o meu trabalho.

 However, I got a job to do, so I’ll fucking finish the fucking job!

O filme começa com uma definição do American Heritage Dictionary para o termo Pulp Fiction. E a definição fica ali. Parada. Letras brancas sobre um fundo preto, sem nem mesmo uma trilha sonora no fundo.

A isso, se segue uma daquelas cenas totalmente tarantinescas, com um casal com forte sotaque, tomando café em uma lanchonete e discutindo alguma questão. Os personagens não entregam assunto de cara, mas logo se percebe que eles são assaltantes. E, de repente, eles resolvem assaltar o lugar. A cena é cortada e surge um “Pulp Fiction” escrito em letras garrafais e aberrantes, com um fundo musical forte. As letras vão diminuindo ao fundo enquanto os nomes das estrelas do filme aparecem na tela.

E daqui adiante, começam os spoilers. Tentarei evitar qualquer revelação importante do enredo, no entanto o filme tem tantas ligações e tramas intrínsecas que tornam impossível o esforço para falar dele sem largar alguma informação interessante. Então, para aqueles que gostam de surpresas e ainda não viram o filme, aconselho que parem a leitura por aqui. Vejam o filme, vale a pena.

Depois desse começando um tanto excêntrico, Pulp Fiction começa a apresentar seus protagonistas. Começando por Vincent Vega (John Travolta) e Jules Winfield (Samuel L.Jackson), trajados como M.I.B.s (Homens de Preto), simplesmente andando de carro e batendo um papo muito engraçado sobre a Europa. Não dá pra imaginar que em alguns minutos eles estariam fazendo balas estourarem a cabeça de alguns guris. Esses dois são, evidentemente, os personagens que mais representam o modelo Tarantino de fazer cinema. E as conversas dos dois são o ponto alto do filme.





Então conhecemos Butch Coolidge e Marsellus Wallace. Bem, mais ou menos, posto que Wallace só aparece de costas. Butch (Bruce Willis) é um boxeador, em fim de carreira, Marsellus (Ving Rhames) é um chefão da máfia de Los Angeles (onde o filme é ambientado), chefe de Jules e Vincent, que está propondo um acordo com Butch. Ele perderia a luta, que provavelmente seria uma das últimas da sua carreira, em troca de uma grana alta. Butch pega o dinheiro. 

Nisso, entram no recinto Vincent e Jules, vestindo camisetas e bermudas. Das que se só usam se você está dormindo ou se você é um babaca. E, como a história do casal na lanchonete, nada é explicado.

Até o filme explicar tais eventos, muita coisa acontece. Vega leva a esposa do chefão, Mia Wallace (Uma Thurman) para sair, a pedido de Marsellus. Os dois, drogados, se divertem pra caramba, Vega sofre com uma crise de lealdade. Enquanto Mia, com uma overdose. Mia conta uma piada sobre tomates que é genial. Butch toma uma decisão importantíssima sobre sua luta, levando em conta a história de um relógio de ouro que passou uns 7 anos escondido nos anus de 2 prisioneiros de guerra, no Vietnam. E por aí vai. Uma trama empolgante que termina em um final satisfatório: Um casal de amantes indo embora. Com uma Harley Davidson chamada Grace. ”It’s not a motorcycle, it’s a chopper, baby”. A tela escurece.


Surge um título, em branco sobre o preto. “The Bonnie Situation”. Ouve-se a voz de Jules e aparece um cara, segurando uma arma enorme, escondido no banheiro. E, de súbito, estamos de volta ao começo do filme, na cena em que Vincent e Jules apagaram os guris. E o filme dura mais uns 40 minutos. Conta-se a história da mudança de roupa dos assassinos. Com direito à atuação de Tarantino, como o amigo Jimmie, e Harvey Keitel na pele do “Badass” Winston “The Wolf” Wolfe.

E descobre-se o porque daquela droga de casal que começa a assaltar a lanchonete no começo do filme.
O filme é genial. Para pessoas mais “normais”, pode até não agradar, mas para aqueles que gostam de algumas doses de psicose, não-linearidade, humor negro e inter-relações com outras produções, Pulp Fiction é um prato cheio.
Falei de tanta coisa e esqueci de comentar o elenco. Uma reunião de estrelas. Porra, são Harvey Keitel, Uma Thurman, Samuel L.Jackson, John Travolta e Bruce Willis! Entre outros grandes atores. O Tarantino não estava mesmo de brincadeira.

Um comentário:

adriano disse...
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