Por vezes temos que utilizar de nossas próprias experiências para construir nossa história. Lúcia Murat, foi uma militante e jornalista do período da ditadura militar e por conta das idéias que defendia sofreu cm a brutalidade da época.
A diretora tem em seu currículo filmes que exploram o período da ditadura com um a abordagem dos tratamentos dos prisioneiros nas prisões, até da tortura das mulheres como no filme, “Que bom te ver viva” (1989). Porém existe um filme que fica dividido entre os dois estilos de Lúcia na ficção; ditadura militar, e as relações da classe alta carioca com as favelas. Esse filme é “Quase dois Irmãos”, filme que Lúcia uniu os dois estilos. A obra conta histórias paralelas da criação do Comando Vermelho na prisão de Ilha Grande no Rio de Janeiro, com a relação do Senador Miguel (Werner Schumacher) que tem problemas familiares com sua filha, Juliana (Maria Flor).
A história parte da juventude de Miguel (Caco Ciocler), quando era um militante do regime militar que foi mandado para a prisão de Ilha Grande, por suas posições políticas. Dentro da prisão ele reencontra um amigo de infância, Jorginho (Flávio Bauraqui) preso por um simples furto. Dentro da prisão de Ilha Grande, presos políticos e presos comuns ficam misturados e dentro das celas os presos passam a arquitetar um
regime do coletivo, e com essa idéia nasce o Comando Vermelho. Após desavenças que surgir com o aumento do número de presos dentro de Ilha Grande, os presos políticos passam a ser separados dos prisioneiros comuns.
O filme mostra o contraste social que o Rio de Janeiro teve desde os anos 70, até a atualidade. Outro conflito que o filme demonstra e a relação de uma classe media politizada com o submundo dos pobres das favelas cariocas. A obra recebeu vários prêmios internacionais, e considera um filme independente pelo orçamento que mal pode gastar com publicidade. Mas isso é apenas um retrato dos filmes da retomada brasileira que inicia a partir de 1994. Além de uma história sobre os porões da ditadura “Quase dois Irmãos” é um relato da situação de uma cidade que ainda insiste na separação das classes e na aliança ideológica como transformação social.
Gildo Antonio
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