“Ban, ban, ban”, este é o som que
o espectador mais ouve no filme “Cães de Aluguel” (Reservoir Dogs, 1992).
Escrito, dirigido e atuado por
Quentin Tarantino, o longa é o primeiro do diretor que estabeleceu um novo
modelo de cinema nos anos 90. Com um espetáculo gráfico, violento e estilizado,
Cães de Aluguel reúne as principais
referências de Tarantino (filmes de samurais, westerns e gangsters), formando o
estilo “coquetel molotov”.
Durante um
assalto a joalheria, Mr. White (Harvey Keitel), Mr. Orange (Tim Roth), Mr. Pink
(Steve Buscemi) e Mr. Blonde (Michael Madsen), os quatro assaltantes
contratados por Joe Cabot (Lawrance Tierney), são surpreendidos pela polícia e,
após um tiroteio, conseguem escapar. No entanto, há uma dúvida: Quem os traiu? Quem
vai levar Mr. Orange para o hospital, que foi baleado e está sangrando até a
morte? Mr. Blonde é um psicopata?
A utilização de
um roteiro elaborado (referência dos longas de Godard), que muitas vezes pode
parecer grosseiro pelas falas cheias de gírias e palavrões, como na cena em que
Mr. White, com uma arma apontada para Mr. Pink, grita: “I will fuck you, you
fucking unfuckeable motherfucker” e a famosa cronologia não linear de
Tarantino, formam uma teia de intrigas e situações que fazem com que o
espectador não desgrude os olhos da tela. A técnica do uso dos flashbacks para
remontar como cada bandido recebeu as instruções do trabalho funciona
magistralmente.
O
posicionamento da câmera, normalmente com uma distância dos personagens e
estática (influência de Sergio Leone) e, a única ressalva, o final seco com a
cena de tiroteio – obviamente retirada do filme “O Grande Golpe” de Stanley
Kubrick – montam esta ação satírica e até mesmo sádica de Tarantino. A
utilização da música pop (como na cena em que Mr. Blonde arranca a orelha do
policial) movimenta a platéia, que, por vezes, vê-se perdida durante o filme e
precisa retomar o fôlego.
Tarantino não
tem medo de parecer politicamente incorreto em nenhum momento. A caracterização
do negro como a parte “suja” da sociedade foi apenas uma forma de escancarar a
realidade do racismo nos EUA. Até mesmo a utilização de um personagem branco
psicopata, que acabou de sair da cadeia, provoca a questão: Será que a prisão
ajuda ou destrói o ser humano?
A frase “Every ‘dog’ has its day”
(Todo ‘cão’ tem seu dia) completa o que a película quer representar: as
fraquezas e as virtudes do homens, independente da sua profissão, classe ou
raça. Ao mostrar três tipos de criminosos – o “correto” (Mr. White), o
psicopata (Mr. Blonde) e o covarde (Mr. Pink) – Tarantino monta três seres
humanos, com seus defeitos e desejos.
Um comentário:
É muito bom. Sem dúvida, este filme é catapultada para a fama pelo renomado diretor, como os críticos aplaudiram e até mesmo seus dias é considerado um filme de culto, no entanto nas bilheterias não foi muito bem. Dois itens que caracterizam muito é a participação de Buscemi e, claro, o diálogo banal, em que os personagens masculinos estão engajados. Great!
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