12 de março de 2012

Especial | Lolita (Stanley Kubrick)

Colocar nas telas o psico-erotismo da literatura inglesa não é para qualquer um. A chance de alcançarmos um pornô com um roteiro confuso é grande. Bem grande. BUT, estamos, aqui, falando do Kubrick, certo? Lolita, produzido em 1962, é baseado em um livro homônimo de 1955, de Vladimir Nabokov, e trata a perversão e o fetichismo de maneira abusada, proporcionando ao diretor a inspiração necessária para a adaptação. 

A história trata-se de Humbert, um professor (que já possui características obssessivas) que se mudou da Europa para os Estados Unidos para lecionar francês e se instala no quarto vago de uma mansão cuja dona era uma viúva que precisava de amor. Entretanto, o foco está na filha da proprietária, Dolores, interpretada por Sue Lyon - que na época tinha apenas 16 anos - por quem Humbert nutre perversões obsessivas, relatadas em um diário. O louco se casa com a mãe dela SÓ pra ficar perto da menina. 

"UAL", é, forte, não é mesmo? Até o diretor comentou que se soubesse quão polêmica seria a censura contra o filme na época, nem o teria feito. FAIL, produção que não sabe apreciar a intenção provocativa das cenas que permitem ao público o benefício da imaginação e cortam partes essenciais da obra. Mesmo a escolha da atriz se deu por conta do tamanho de seus peitos de sua maturidade, para a interpretação da jovem Dolores, apelidada carinhosamente de Lolita. A censura fez com que, no filme, diferentemente do livro, a personagem tivesse ao menos 14 anos, e não 12.



Pois bem, essa não foi a única mudança feita. O termo "Lolita" é usado apenas por Humbert no livro. Para que a sexualidade da garota também não fosse tão "ultrajada" nas telas, a própria personagem tem seu teor sexualizado e provocante, diferentemente da "inocente" Dolores criada na obra de Nabokov. Visto que o livro é narrado em primeira pessoa, pelo próprio Humbert, a narração é naturalmente mais perversa, fato obrigatoriamente retirado do filme, por conta da época, a fim de evitar uma vulgarização desnecessária.

É importante citar que o papel de Quilty, no filme, outro louco, que se disfarça de mil coisas (Hipster Equipe Rocket) confronta diretamente o professor psicótico. No livro, ele apenas aparece eventualmente e enche o saco. No filme, pelo contrário, a cena inicial ocorre no escritório de Quilty, enquanto Humbert lhe aponta uma arma. Durante o filme que tudo é explicado.

Outra versão foi feita em 1997, por Adrien Lyne. Desnecessário dizer que ele foi mais fiel ao livro, no entanto, mesmo com maiores recursos técnicos e possibilidade de aprimorar a adaptação, não se comparou ao filme de Kubrick, certo? Certo.

Lolita, mesmo sofrendo censuras, cortes e repreensões, conseguiu provocar o público, instigar o tema da pedofilia e, através do enredo, aflorar ideias sexuais secretas, abordando o fetichismo, a perversão existente dentro de cada um e o quão longe isso pode deixar-nos ir. É.

Ah, e o mais importante, o termo "Lolita", que se refere a jovens que, embora menores de idade, possuem corpo mais desenvolvidos e despertam desejos sexuais, se deve a este filme. É, meus caros, e vocês achando que esse tipo de putaria não era cultura, hein? Guilty pleasure, Kubrick apoia!

Um comentário:

Ana Cecília disse...

Lolita tinha 12 anos quando Humbert se muda pra casa da mãe dela...