Hoje vamos falar de um filme de
Terror!
Eu sempre digo que é muito
complicado fazer um filme desse gênero. Afinal, existe uma linha tênue e
completamente transponível que separa o terror do ridículo. Porém, é um fato de
que o filme de hoje não se faz presente ao outro lado dessa linha. Hoje, especialmente,
vamos falar de um dos meus filmes favoritos. Hoje, é dia de O Bebê de Rosemary.
Quem assina o roteiro e a direção
é, nada mais nada menos, de que ROMAN POLANSKI. Esse controverso diretor que já
realizou filmes como “Chinatown”, “O Pianista” e muitos outros. A história é
uma adaptação de um livro de 1967, um ano antes do lançamento do filme.
A história que se passa é sobre
Rosemary (Mia Farrow, famosa por filmes do Woody Allen – e por ter sido casada
com o mesmo) e seu marido Guy, que acabam de se mudarem para uma nova casa, um
apartamento no coração de Nova York, o famoso apartamento DAKOTA – que, aqui no
filme, tem seu nome trocado para preservar a integridade do local. Coincidência
ou não, é o mesmo prédio onde John Lennon estava saindo quando fora
assassinado. Além do mais, o Dakota é famoso por abrigar escândalos. Com uma
busca mais apropriada no Google, é possível encontrar alguns elementos
interessantes que já se passaram por lá.
O problema é que, além da mudança
da casa, outras mudanças não tão boas acontecem na vida do casal. A começar por
seus vizinhos, aparentemente simpáticos, Roman e Minnie – magistralmente
interpretados pelos demônios cinematográficos Sidney Blackmer e Ruth Gordon.
Apesar dos espaçosos vizinhos,
tudo vai bem até que Rosemary engravida. O problema são as condições para essa
gestação ocorrer. A partir daí, Rosemary passa a desconfiar não só dos
vizinhos, mas, a desconfiança passa a permear até mesmo seu ambiente familiar,
com o seu marido. A ver. A cena que dá luz a isso inicia-se quando Rosemary é
dopada pelo marido que, estranhamente, havia adquirido uma proximidade ímpar
com o casal vizinho. Uma vez dopada, Rosemary cai em um “sono profundo” e passa
a evidenciar cenas nas quais não fariam jus a o ambiente em que ela havia
adormecido. Rosemary agora está em um barco, com algumas pessoas bem vestidas,
pessoas, aparentemente, da alta sociedade.
Depois, Rosemary acorda no
interior desta embarcação, agora, nua e seus “convidados” igualmente nus observando
Rosemary ser possuída por alguma figura não-visível. Mãos cascudas, escamosas,
acariciam e desenhos símbolos e formas no corpo nu de Rosemary. Estamos diante
de um ritual. Um ritual satânico.
Aqui, o espectador passa a
vivenciar fatos do filme em que o protagonista não tem conhecimento, ou, duvida
deles. Essa é uma das técnicas muito utilizadas em filmes de terror, que ajuda
para crescer a atmosfera de tensão. Todo o cenário da tensão e do oculto é
iniciado aqui. É como se desde o início do filme, todos os elementos tivessem
sido realizados e montados para que essa cena ocorresse para, a partir
daqui, desencadear todos os outros fatos.
Evidentemente, Rosemary passa a
ser controlada pelos vizinhos – que fazem a ponte entre toda aquela sociedade
“secreta” em cuidar daquilo que seria o filho do Anticristo sendo gerado no
útero de uma mortal. A começar pelas doeses de bebida diárias trazidas por
Minnie, acompanhando de perto essa gravidez. Depois, o pingente em forma de
círculo )remetendo ao cérebro?) em que a mulher jamais deve retirar, como um
amuleto de sorte para Rosemary.
Na cena final, uma das mais
inquietantes do filme, Rosemary tem a certeza de que seu filho foi, realmente,
fruto de um ritual satânico e que, na verdade, tem como pai não seu marido Guy,
mas, a própria Besta. Nunca chegamos a ver, exatamente, o fruto dessa união – o
próprio bebê em si. Ele
permanece a cabo de nossas interpretações e de nossa imaginação – uma técnica
usada por muitos diretores, a exemplo de Spielberg que reluta em mostrar o
tubarão ao passar do filme, aumento a tensão entre os espectadores em pensar “o
que e COMO é aquilo?”.
Quando Rosemary chega de frente
ao berço e olha para seu bebê, apenas, podemos ver a sua reação (o que é usado
ainda mais para aumentar nossa tensão e, é claro, nossa curiosidade). É nesse
momento em que o vizinho Roman chega para Rosemary e diz algo como “Seja uma
mãe para seu filho” e, por sua vez, Rosemary se desapega de qualquer valor e se
entrega aos seus deveres de mãe e, ao mesmo tempo, sorri para a criança. Ela
está entregue para a ceita. E, assim como o filme começa, ele termina com uma
música inquietante e os tetos de vários prédios nova-iorquinos, em clara menção
de que uma coisa dessas está acontecendo dentro de um prédio e que pode estar
acontecendo agora, na real, mas nunca iremos saber. Que segredos encontram-se
dentro de cada janelas dessas?
Então, devemos, não somente nesse
filme, observar qual o tipo de transformação que o personagem protagonista da
história sofreu. Rosemary começa o filme como uma pacata menina do campo para,
no fim, se tornar a mãe do Anticristo. O que passou por entre isso, de que
forma foi construído esse personagem? Esse é o poder de observação da narrativa
de um filme, referente ao personagem. Observando isso você, certamente, vai
evidenciar e desfrutar de sensações nunca antes sofridas em um filme.
Vejam Rosemary! É Obrigatório!
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