Não teve crítico que não
comparasse The Great Gatsby à Moulin Rouge e Romeu + Juliet, filmes também
dirigidos pelo excêntrico Baz Luhrmann. Não se pode negar, Great Gatsy é um
espetáculo visual e sonoro do início ao fim. Contudo, esse exagero acaba
diminuindo a narrativa tão perfeitamente escrita por Scott Fitzgerald. Na época
em que o livro foi publicado (1925), as ironias e o cinismo de Fitzgerald
recaiam sobre os excessos inconsequentes, as loucuras e o crescimento econômico
norte-americano – mais especificamente em grandes centros como Nova York. Essa
parte, tão importante para se entender o contexto da obra, não foi muito
explorada durante o filme – talvez mais nas primeiras cenas, quando tentava-se
construir um cenário para o filme.
Apesar de não ser a primeira
adaptação do clássico literário, Great Gatsby é pela primeira vez explorado tão
profundamente no lado emocional. Luhrmann pede que seus espectadores se
apaixonem incondicionalmente pelo triângulo amoroso, pelo amor fantasioso de
Gatsby, e principalmente todo o cenário extravagante, muito bem coordenado com
a trilha sonora – que tenta unir a música pop atual com as antigas canções de
jazz e blus que rodeavam os bares dos anos 20 – possuídora de intérpretes como
Lana Del Ray, Jay-Z, Beyoncè, Florence e Gotye. Tal qual as festas exuberantes
de Gatsby, o filme de Luhrmann convida as pessoas para uma experiência
diferenciada, dependendo apenas de você para aproveitá-la.
O que torna o filme mais
passional são as atuações de Leornardo Di Caprio e Carey Mulligan. Ambos trazem
uma ambiguidade emocional de seus personagens de uma maneira que nem mesmo os
leitores de Fitzgerald poderiam sentir. A dualidade do caráter de Gatsby e a
falta de decisão de sua amada são despejadas em cada cena entre Di Caprio e
Mulligan.
A falta de profundidade na
narrativa e a não crítica ao mesmo processo de desenvolvimento exacerbado que
vemos atualmente – devido, principalmente, à globalização – fez com que o filme
ficasse com um ar apenas deslumbrante, visualmente e sonoramente, faltando um
toque mais profundo na literatura de Fitzgerald. Luhrmann deveria ter se
lembrado de uma das partes da obra: “Você não pode repetir o passado” e
esquecido um pouco de seus outros filmes na construção de Great Gatsby.
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