“Um filme que não poderia ser feito 10 anos atrás”.
Sofia Coppola não poderia estar mais correta nessa frase. Fugindo um pouco de
sua característica existencialista, presente nos filmes “Encontros e
Desencontros” e “Um Lugar Qualquer”, a diretora ataca o culto às celebridades e
a criação de ilusões e desejos por parte da mídia norte-americana
sensacionalista, através do filme “The Bling Ring”, que possui Emma Watson (Harry
Potter e The Perks of Being a Walflower) no elenco.
O título do filme é óbvio, já que Bling Ring foi o
nome dado pela mídia estadunidense à gangue de jovens que roubava as mansões
das celebridades em Los Angeles. Sim, a história é baseada em fatos reais e chegou
aos ouvidos e olhos de Coppola através de um artigo publicado na Vanity Fair em
2010, pela jornalista Nancy Jo Sales, que foi intitulado como “Os Suspeitos
Usavam Louboutins”. Interessada pela história, a diretora começou sua caça pelos
cinco atores que iriam compor a ‘gangue’. Primeiramente, a vontade de Coppola
era ter apenas atores desconhecidos, para mostrar o contraste com os
personagens reais que conseguiram fugir do anônimato. Contudo, decidiu aceitar
Watson (Nicky) no elenco, que apesar de mostrar no trailer, não é o centro das
atrações. Quem comanda as cenas e também a quadrilha de jovens bem sucedidos é
a novata Katie Chang (Rebecca), que assim como Scarlett Johansson consegue
fazer uma faísca virar um incêndio em cada momento que aparece.
Além de Watson, que precisou perder o sotaque
britânico para interpretar sua personagem, Israel Broussard (Mark) também precisou
adentrar no mundo da moda e entender o lifestyle de Los Angeles – para isso os
atores tiveram ajuda de Claire Julien (Chloe), que também compoe o elenco e é
natural da cidade.
Apesar do longa demorar para engrenar em seus
primeiros vinte minutos, ele mostra para o que veio incorporando a estética das
redes sociais e reality shows, jorrando freneticamente imagens de celebridades,
fotos em redes sociais – o que também remonta a velocidade que as informações
são transmitidas na internet – vídeos do TMZ. A contemporâneidade e o espírito livre dos jovens também é
remontado na linguagem solta e cheia de expressões – compostas na sua maioria
pela palavra ‘bitch’ (vadia em inglês).
Para os olhares menos apurados, “The Bling Ring” pode
parecer um filme fútil e até mesmo desnecessário. Contudo a crítica sutíl e
lúcida de Coppola sobre o mundo das celebridades e como a juventude é
manipulada pelo falso glamour e as festas de Hollywood, transborda pela tela do
cinema e mostra com fatos, e o olhar perdido de Mark após a sentença, quão suja
e sem sentido é a vida hollywoodiana.
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