As teias balançam pelos gigantes prédios de New York e lá está o amigão da vizinhança. Não, o novo filme do Spiderman não é essa coisa colorida que vimos na primeira trilogia. Apostando no estilo gótico que vem imperando nos longas de quadrinhos desde Batman Begins, o novo longa abusa da mistura entre comédia, ação, drama e terror.
Vamos começar falando sobre o tom gótico do filme. Os quadrinhos estão mudando, nem mesmo a era heróica trouxe aquele modo de se pensar os atos dos personagens. Guerra Civil mudou a Marvel, muito mais do que parece, chegando ao cinema. É por isso, provavelmente, que a “Casa das Ideias” domina o mercado, tanto de cinema, quanto de quadrinhos. Ao tirar aquele ar colorido e de que “tudo irá dar certo” do longa do aracnideo, vemos um lado humano e errado. Sentimos no personagem a dicotomia que deve ser estar na pele de alguém com tais poderes. Ainda que a frase não tenha sido colocada de forma direta, vemos esse debate do heroísmo perpetuando sobre todo o filme. O olhar sobre o Aranha, pensando a partir desse tom escuro, dá o ar diferente do filme.
O filme é fotograficamente gótico, o escuro combina com o Spiderman, ainda mais com o modo dark do uniforme. Sentimos esse efeito no herói, que combinado com o roteiro, faz com que o filme ganhe elementos de drama. As cenas “teens” e “darks” se misturam e demonstram como a vida de um garoto de 17 anos é ou deveria ser.
O roteiro deixa algumas brechas, como a mudança de personalidade rápida de Flash, que passa do esquentadinho para o cara amigo sem demonstrar um porquê. Porém, a satisfação de algumas cenas faz com que essas pequenas falhas fiquem totalmente ignoráveis. Dr Connors me lembrou uma versão mais macabra do Dr Octopus no segundo filme, ganhando alguns pontos, como as cenas de quase terror e um plano maquiavélico (no sentido filosófico da palavra) para “ajudar” o mundo.
“Pode se tornar agressivo quando ameaçado”, é uma das frases mais impactantes do filme. Os diálogos são mais próximos dos quadrinhos, provavelmente ainda mais que o dos Avengers, ganhando nas cenas de comédia (Que faltavam na Antiga Trilogia) e nas de dramas. Escolher Gwen pode ser a forma perfeita de amadurecer o personagem para as próximas versões (e até uma aproximação com os outros personagens da Marvel).
A melhor atuação do filme é, claramente, de Martin Sheen (Spawn e Um Funeral no Texas) no papel de Ben Parker. Vemos um homem inseguro e real. Nas cenas de drama, o jeito “normal” dele faz com que Andrew Garfield fique como coadjuvante. Outro ator destacável é Denis Leary (Rescued), o Capitão Stacy, principalmente nas cenas finais do longa. O casal principal consegue uma quimica, mas não se destaca perante os outros atores ou personagens. Gwen parece feita para ser assim, não é a MJ, é apenas uma estudante sem muita sorte.
O novo Peter assusta logo de cara. É um cara aparentemente pop, descolado, mas logo toma uma surra. Vi o nerd Parker quando ele finalmente coloca os óculos e começa a falar sobre ciência. Demorou para encontrarmos o personagem dentro do filme, mas quando encontramos é épico. Parker chega em casa arrebentado (parabéns para o pessoal da maquiagem) e sempre tem sua Tia May esperando. A cena da morte de Ben foi totalmente reformulada, tornando ainda mais conflitante com a moral do personagem. Seu confronto contra um Dr Connors com noção do que está fazendo (ainda que não deixe claro se ele tem dominio sobre o lagarto) é facilmente resolvido pelo intelecto de Parker. Faltou esse conflito intelectual entre os personagens, parece óbvio que o QI do Spiderman é imensamente superior ao de um cientista RENOMADO.
Não vou falar sobre os efeitos. São sensacionais e o tom Gótico (que venho falando no texto inteiro) tornam eles ainda mais reais. Estou na espera das novas noticias sobre o futuro da saga, que deixou um gosto de quero mais.
Por Jean Marcel.
Sim, ele faz parte da equipe, mas é folgado o suficiente para me mandar subir o texto.
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